Lembra das aulas de português? Uma frase precisa de substantivos (quem ou o quê) e verbos (o que faz) para ter sentido. "Cliente compra" é uma frase. "Compra" sozinho não diz nada. "Cliente" sozinho também não.

Seu negócio funciona da mesma forma. E a maioria das empresas tem um problema grave: conhecem seus substantivos, mas não documentaram seus verbos.

Substantivos: Suas Entidades de Negócio

Na metodologia de Ontologia Operacional, chamamos os substantivos de Objetos Semânticos — ou simplesmente, entidades. São as "coisas" do seu negócio:

  • Cliente — quem compra de você
  • Produto — o que você vende
  • Pedido — uma transação
  • Lead — um potencial cliente
  • Projeto — um trabalho em andamento

Mas aqui está o problema: a maioria das empresas trata essas entidades como linhas em uma planilha. Um cliente é só um nome, um telefone e um e-mail.

A Mentalidade Ontológica

Na abordagem ontológica, um Cliente não é uma linha — é uma entidade viva com:

  • Identificação: Quem é (nome, CNPJ, segmento)
  • Qualificação: Características relevantes (porte, região, perfil de compra)
  • Relacionamentos: Conexões com outras entidades (vendedor responsável, produtos comprados)
  • Histórico: Tudo que já aconteceu (compras, reclamações, interações)
  • Estado atual: Situação presente (ativo, inativo, em risco, VIP)
  • Contexto decisório: O que precisa acontecer agora (próxima ação, prazo, responsável)

Pergunta-diagnóstico: "Se eu perguntar qual cliente precisa de atenção AGORA, você consegue responder em 10 segundos?"

Se a resposta for não, você tem um problema de substantivos. Seus dados existem, mas não estão estruturados para decisão.

Verbos: Suas Regras de Negócio

Agora vem a parte que quase ninguém documenta: os verbos. Na Ontologia Operacional, chamamos de Lógica — as regras que governam como você decide.

Toda empresa tem regras. O problema é que elas estão na cabeça das pessoas:

  • "O João sabe quando um lead está quente"
  • "A Maria sabe priorizar os atendimentos"
  • "O chefe sabe quando dar desconto"

Isso funciona... até o João sair. Ou a Maria ficar doente. Ou o chefe viajar.

Externalizando a Inteligência

O processo de externalização transforma conhecimento tácito em regras explícitas:

Conhecimento Tácito Regra Explícita
"Esse lead parece quente" Lead Quente = abriu 3+ emails + visitou página de preços + empresa >10 funcionários
"Esse cliente merece atenção especial" Cliente VIP = faturamento >R$50k/ano OU >5 anos de relacionamento
"Acho que ele vai cancelar" Em Risco = NPS <7 E última compra >90 dias E ticket médio caindo
"Precisa de follow-up" Follow-up = proposta enviada + sem resposta em 3 dias úteis

Pergunta-diagnóstico: "Se seu melhor funcionário sair amanhã, quanto do conhecimento crítico da empresa vai embora com ele?"

Se a resposta for "muito", você tem um problema de verbos. Sua lógica de negócio existe, mas não está documentada.

A Frase Completa: Dados + Lógica + Ação

Quando você tem substantivos bem definidos (Dados) e verbos explícitos (Lógica), você pode formar "frases" completas que seu sistema entende e executa:

Exemplo de "frase" operacional:

"Quando um CLIENTE VIP (substantivo) não compra há 60 dias (verbo/condição), enviar mensagem personalizada (ação) via WhatsApp (canal) oferecendo 10% de desconto (parâmetro)."

Essa "frase" tem tudo: a entidade (Cliente VIP), a regra (60 dias sem compra), e a ação (mensagem + desconto). Um sistema bem construído executa isso automaticamente, 24 horas por dia.

Como Começar

Se você quer estruturar a gramática do seu negócio:

  1. Liste suas entidades principais: Cliente, Produto, Pedido, Lead... Quais são os "substantivos" do seu negócio?
  2. Enriqueça cada entidade: Além do básico, quais atributos são relevantes para decisão?
  3. Entreviste seus especialistas: "Como você sabe que X?" — documente as respostas como regras
  4. Formule suas frases: "Quando [entidade] [condição], então [ação]"

Conclusão

Seu negócio é uma linguagem. Seus dados são os substantivos. Suas regras são os verbos. E suas ações são as frases completas.

A maioria das empresas tem substantivos bagunçados e verbos escondidos na cabeça das pessoas. A Ontologia Operacional organiza essa gramática para que seu sistema — não você — forme frases e execute ações.

Na FStech, ajudamos você a documentar essa gramática através do nosso processo de Diagnóstico e Desenho de Sistema.

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